Housekeeping é uma adaptação ocidental do programa 5s, este oriundo no Japão após a Segunda Guerra Mundial como forma de ajudar o país a se reerguer economicamente.
Enquanto os ensinamentos do programa oriental é mais profundo e tem seu foco nas pessoas, buscando mudanças comportamentais e revisão de conceitos, o housekeeping baseia-se em alguns de seus princípios para organizar e padronizar ambientes de trabalho.
Limpeza, organização, definição de um mapa de fluxo para máquinas e pessoas em uma central de concreto contribuirá para melhor eficiência e evitar, por exemplo, acidentes.
Afinal, quem não aprecia uma casa arrumada, limpa e com as coisas nos seus devidos lugares?
No entanto, não é fácil conscientizar as equipes de que trata-se de uma necessidade manter a central em ordem. Logo, housekeeping envolve sim alguma mudança comportamental.
Manchas de óleo, bate-lastro cheio e com sobras de concreto, oficina desorganizada, escritório servindo para fazer as refeições e caminhões sujos fazem parte do visual de muita concreteira.
Recordo-me quando ainda atuava na ponta, em uma pequena central que não produzia mais de 1.500 m3/mês, a dificuldade em fazer com que todos a mantivessem limpa. E olha que era uma unidade recém reformada, com pintura nova, pátio com piso de concreto polido, vestiários, refeitório, com jardins e área verde. Ou seja, uma central com uma boa aparência, bonita, apesar do peculiar pó cinza do cimento tão presente no dia a dia.
Todas as manhãs ao chegar eu tinha o costume de andar pela unidade. Por toda sua área. Inclusive nos locais que não eram acessados com frequência como, por exemplo, atrás das baias de agregados.
Encontrava todo tipo de sujeira e desorganização.
Passei, eu mesmo, a coletar o lixo. Apanhava as bitucas de cigarro no chão, copos plásticos, pedaços de panos velhos que os operadores de caminhão betoneira descartavam em qualquer lugar, frascos vazios de óleo, aditivo, enfim, caminhava e ia limpando.
Percebi que causava um certo constrangimento à equipe que eu liderava, mas não conseguia engajar a todos. Eram sempre os mesmos que voltavam aos velhos hábitos, após eu começar.
Então decidi mudar um pouco de metodologia e, ao chegar a cada manhã, antes de iniciar a produção, eu reunia todos no pátio, saquinho de lixo nas mãos de cada um e liderava o tour da limpeza geral. Todos tinham que coletar qualquer lixo que encontrassem. Inclusive, as bitucas de cigarros que eram jogadas apenas por dois únicos fumantes que todos sabiam quem eram.
Sim, precisei fazer diversas vezes e puxando todo mundo, dia a dia. Após algumas semanas, a grande maioria aderiu e percebeu os ganhos de se ter uma unidade limpa e organizada. Alguns, acredito eu, faziam apenas para não precisarem me ouvir dando o sermão enquanto andávamos juntos pela unidade. E tudo bem. Para mim o que importava é que eles deixassem tudo limpo. Preferencialmente por entenderem o motivo, pois assim era um conceito que estava aderido, mas, se era por se sentirem mal em sujar algo que os próprios companheiros teriam que limpar, também estava valendo.
O zelo com o housekeeping pela nossa unidade chegou ao ponto de, ao receber visitante na planta e este – mesmo sendo um cliente – jogava lixo no chão, o funcionário que o acompanhava continuava a atendê-lo e, discretamente, recolhia e descartava na lixeira, recebendo em seguida o pedido de desculpas da visita que entendera que aquela central, tinha dono.
Dar o exemplo e considerar que todos têm capacidade de aprender deve estar intrínseco ao perfil da liderança que desenvolve sua equipe.