Eu não me sinto muito à vontade para falar do assunto de hoje por que ele não é técnico e vai para outra área da ciência onde nós, da construção, somos meros palpiteiros. Daí meu desconforto. Mas deixar de falar é pior.
Como as fotos que anunciam o assunto são esclarecedoras por si, me poupam de comentários difíceis e me permitem tratar de coisas menos evidentes em toda esta situação.
Em nosso escritório, a patologia e a recuperação de estruturas são tratadas em um setor específico onde é frequente se ver trabalho planejado e executado para brilhar e que, de repente, é acometido por uma falha que incomoda, frustra ou compromete. Algumas vezes trata-se de uma fatalidade que caiu sobre um único item, mas na maioria dos casos, infelizmente, tratamos o assunto com um “check-list”.
Não vemos somente coisas feias. Hoje conseguimos notar na melhoria e avanço dos acabamentos e conforto dos aeroportos brasileiros, por exemplo, a vantagem de se substituir empreiteiras corruptas por construtoras de mercado. De substituir a gestão pública por privada. A correção veio por intermédio de ações alheias à engenharia, assim como também surgiram.
Somos uma sociedade adolescente e somos desajeitados com as nossas indefinições. Caminhamos de lado, avançamos pelo caminho mais longo, mas conseguimos nos manter perdendo poucas posições no cenário internacional. A Isto chamamos orgulhosamente de jeitinho brasileiro. E é esta uma forte razão dos erros que vemos nas nossas obras. Nosso jeitinho inclui a paixão pelo ‘precinho bom’ e a crença no ‘meu amigo’. Queremos o melhor dos dois mundos. E em terra onde quem pode manda e quem é esperto obedece, o problema aparece, mas nada acontece por que não houve má intenção. Pronto. Tudo na boa e na paz! Nosso consenso de qualidade também é assim, adolescente. Nós ainda resolvemos os problemas por tentativa e erro.
E porque acreditamos em milagres, 46 minutos e em prorrogação, a fachada da belíssima obra de arquitetura aí de cima precisa apenas de manutenção; não houve falha!
É assim!