Desde março no Brasil, com a instalação dos planos e protocolos pós covid-19, se alardeou como novo normal o fim do escritório como conhecemos há anos. Se evidenciaram as grandes e óbvias vantagens do home-office tais como: como ganho de tempos de transporte, redução de stress, maior convívio familiar, flexibilidade e etc.
Quero refletir aqui sobre as perdas disso e meus pontos sobre o mundo pré-pandemia e o pós-pandemia. Começo aqui a enumerar alguns pontos:
- O ser humano é gregário. Grande parte do trabalho das pessoas, tem aspectos colaborativos e fazem do almoço e do café no corredor, um momento de se criar ou melhorar o engajamento, a afinidade, o alinhamento de ideias e a colaboração.
- Os estilos de chefia tradicionais valorizam manter as equipes sob os olhos e não sob câmeras.
- Há um gap importante de estrutura na casa das pessoas. Enumero aqui desde móveis adequados, equipamentos, conexão de internet, iluminação, espaço físico e incômodo de crianças e pets.
- Pesquisas no LinkedIn com um bom número de respondentes, detectaram que cerca de 40% das pessoas sentem muita falta do convívio pessoal no trabalho. Adicionalmente, há problemas sérios causados pela já chamada hiper convivência doméstica, coexistindo com as agendas de aulas dos filhos no home-schooling. Fiz uma live com a especialista em treinamento de RH, Luciana Martins discutindo exatamente isso.
- Nas áreas de negócios/vendas, a prospecção no mundo B2B é muito difícil no mundo digital. Como oferecer segurança para alguém numa câmera? Num telefone? O presencial aqui conta muito. Os ritos de espera, reunião, café, apresentação são fundamentais.
- Seleção e contratação digital é bastante viável. Mas conhecer a equipe, fazer integração, conhecer os “códigos da cultura” da empresa, sem estar presente de corpo, é impossível. Soube de um caso de uma contratação feita no meio do surto pandêmico, onde o contratado descobriu que a empresa ficava a 2 horas de sua casa. Só o Zoom era perto.
- Uma das empresas do grupo FAGA, o Facebook anunciou no meio de um pico pandêmico, em Nova York, o leasing de uma grande área em Midtown. Tenho certeza que não é para deixar vazias.
- No Brasil, o mesmo Facebook vai ocupar um dos endereços mais nobres da capital, na esquina da Faria Lima com a JK, pagando divulgados R$ 200,00/m² x mês.
- Mais cedo ou mais tarde (em 3 meses, 6 meses ou 1 ano) vacinas eficazes, bem como tratamentos adequados surgirão.
- Sobre a questão da melhor produtividade do home-office, recomendo ler o seguinte artigo.
Mas, por outro lado:
- As empresas vão ter que oferecer ambientes seguros para suas equipes.
- O conceito de segurança vai muito além dos protocolos básicos de distanciamento social, aferição de temperatura, máscaras e álcool-gel.
- Os pressupostos da chamada era touchless, começam nas catracas de passantes e de automóveis, botoeiras de elevador e maçanetas. Dentro do escritório, destaco assim como no acessos providos por empresas como a https://www.access.run/ os ambientes com ar natural, as superfícies antibacterianas por exemplo, as películas do www.drcobre.com.br apresentadas pelo Engenheiro Anderson Coelho e o espaçamento físico adequado das pessoas.
- A alternância das pessoas no escritório me parece ser uma atitude razoavelmente simples de se implantar. Correlatamente, os horários flexíveis de entrada, de saída e de almoço e intervalos.
- As reuniões por Zoom, Google Meet / Hangout, MS Teams, WhatsApp, Messenger e Skype pegaram muito rápido e vieram para ficar. Já se incorporam numa nova onda de tecnologia, algumas ferramentas de VR e AR.
- Como promover encontros seguros entre pessoas nos ambientes de trabalho?
- O que fazer com as Feiras e exposições? Haverá contentamento com a virtualização delas?
- O que fazer com as áreas de descompressão? Os cafés? As salas de reunião?
- Como fica a conta do custo de ocupação, pressupondo menor uso dos Headquarters e maior distanciamento? Os alugueis vão cair com as possíveis desocupações parciais?
- As viagens corporativas minguaram e acabaram com o conceito do Bleisure. Saiba mais aqui.
Escritório do futuro
O conceito do “Six Feet”, é um modelo do que seria esse novo ambiente de trabalho.
A Cushman & Wakefield está acompanhando cerca de 10 mil empresas na China em processo de reabertura dos negócios depois do pico da pandemia. Foi nesse contexto, que o modelo de “Six Feet” , que na verdade é uma medida [equivalente a 1,8 m] nasceu. O nome remete à distância entre as mesas dos funcionários que respeitando as recomendações das autoridades de saúde. Esse modelo exige mais espaço físico. Isso significa que no caso de empresas que não vão aderir ao Home-Office seria necessário um aumento do escritório para acomodar a mesma quantidade de pessoas sob uma nova divisão de espaço. Não podemos esquecer que quem paga as contas também. Colocar menos pessoas, reduzindo a densidade dos colaboradores, vai significar em maiores custos ocupacionais.
No ambiente de trabalho hoje, o recomendado é que cada profissional tenha para si entre 7 a 8m² de espaço. Em coworkings essa medida pode cair para cerca de 5m² e em Call Centers, por exemplo, pode chegar a 3,5 m². Muitas empresas terão que se adaptar com esse novo modelo que exige cerca de 11 m² por pessoa. Você pode ter mais informações aqui.
Ao meu ver, a tendência para o futuro será a mescla do escritório, ou seja, as empresas adotam dois a três dias por semana o home office e implementam o distanciamento no restante. Talvez a existência de células de trabalho espalhadas nas cidades, como um pequeno escritório, possa emplacar – com benefícios de ganho potencial.
As discussões vão longe e podemos adicionar as proximidades das pessoas em academias de ginástica, cinemas/teatros/eventos, museus, esportes, cultos religiosos e outros.
E fecho com uma reflexão: “O teatro corporativo precisa de palco”.